No último sábado a noite, durante um bate-papo com meu grande amigo Angelo Borba, me deparei com uma pergunta delicada. “Tu concorda comigo que o Rock morreu, né?” disse ele.
Prontamente, como uma pessoa que não apenas gosta, mas vive o Rock and Roll, neguei veementemente.
Angelo continuou seu raciocínio: “O Rock tinha uma coisa de rebeldia, de contestação, de afronta à sociedade e isso se perdeu. O que é a rebeldia do Rock hoje? é usar uma roupa colorida que ninguém usa. E a própria popularidade do Rock não é mais a mesma. Quem é que assumiu o papel do Rock? Talvez aquele hip-hop americano dos 50 Cent e tal… mas mesmo assim acho que ninguém.”
Complementando, ainda traçou um paralelo com os emos e coloridos. “Os próprios emos não existem mais. Ele tinham aquela coisa de andar de mãos dadas, mesmo sendo do mesmo sexo, de trocar beijinhos mesmo sendo do mesmo sexo. A maneira de se afirmar era essa. Agora, com esse happy rock é só roupa colorida”.
Depois de levar esses dois socos na boca do estômago, me senti tentado a repensar minha negativa inicial.
Existe a teoria de que o Rock morreu com Kurt Cobain. Não gosto de dizer que o Rock morreu. O Rock é energia e é eterno. Agora, o último grande nome do Rock foi, sim, Kurt e a última banda a romper padrões comportamentais de alguma forma que impactasse na música e até mesmo na sociedade foi o Nirvana.
Uma coincidência bizarra? Talvez.
Agora, o fato é que em matéria de Rock no sentido mais amplo da palavra, tivemos uma dose muito superficial. Outro grande amigo, Júnior, do Blog Moldura Digital, disse certa vez, quando a onda era o New Metal: “Estamos numa época complicada, onde tudo é Rock e ao mesmo tempo nada é Rock”, comentou inteligentemente sobre a banalização do termo.
Gosto de pensar que o Rock é o único estilo musical que se perpetua com força. Mas, ao mesmo tempo, tenho medo que acabe morto e enterrado na mesma vala onde estão hoje seus pais, o Jazz e o Blues, que já foram populares e hoje são coisa cult.
A receita da vida eterna do Rock é simples: bastam algumas porções de personalidade, hormônios, rebeldia, inteligência, consciência e força de vontade, um recheio de energia e cobertura de pura diversão. Pronto. É nosso dever manter a chama do Rock acesa.
O Rock não morreu, é verdade.
Mas é sensato dizer que está, atualmente, em estado de coma.
Precisamos trazê-lo de volta.
Urgentemente.
Posted by Roger on 24 de agosto de 2010 at 13:14
Muitas vezes já me peguei fazendo o mesmo questionamento, se realmente o Rock morreu ou não, e como tu, não quero e/ou não aceito que isso seja verdade.
Acho que o grande problema, como foi comentado, é que tudo que surge já é rotulado como Rock, banalizando o estilo. Já vi gente dizer que Kate Perry é Rock, que Lady Gaga é Rock. Até acredito que a atitude de uma Lady Gaga até é bem Rock n’ Roll (lembrando um pouco da estravagância do Kiss e a polêmica de grandes astros do Rock). Mas sua música, não é nada Rock.
O Rock não morreu, mas está na beira de um abismo prestes a pular. E o meu medo é que pule. E tudo que já foi feito até hoje se perca. Acredito que o Rock é eterno. Pois transcende a questão musical, algo comparado a uma devoção, uma fidelidade.
E por incrível que pareça, vejo muito a inclusão digital e o acesso a tantas coisas, onde qualquer um faz o que quizer e como quizer, matou um pouco do Rock. Tantas coisas surgiram nessa década digital, que na minha opinião, o Rock não estava preparado para enfrentar. Pois o “lixo cultural” disponibilizado na era digital, conseguiu atrair mais fãs do que se esperava. A pirataria e falta de interesse de grandes gravadoras em investir em Rock também contribuiu para isso.
Como tu disse, o Rock está em coma…será que ele acorda? Espero que sim!
Abraços!!
Posted by Jairo Panzer on 24 de agosto de 2010 at 12:58
Se morreu, ninguém me avisou…
Velho, concordo contigo que tá agonizando, mas aqui no Brasil. Tenho ouvido umas bandas na Europa que têm aquele som vigoroso na linha Motorhead e tão aí na ativa lançando álbum atrás de álbum sem perder o veneno. Vou citar uma, que conheci faz pouco e me impressionou muito, sinceramente: V8 Wankers, da Alemanha.
O problema do nosso Brasil varonil é que sempre acolheu de braços abertos esses modismos ridículos estrangeiros. E assim sempre será, enquanto nossa juventude for acéfala, sem critérios e manipulável.
Parabéns pelo blog, grande abraço.